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    Inquérito BEI-ALIDE conclui que a América Latina e as Caraíbas necessitam de mais financiamento de longo prazo e conhecimentos especializados para concretizar investimentos verdes

    28 October 2024
    EIB
    • De acordo com um novo inquérito aos bancos públicos de desenvolvimento da América Latina e das Caraíbas, um maior financiamento de longo prazo e uma capacidade técnica acrescida são fundamentais para aumentar o financiamento verde na região.
    • Os impactos das alterações climáticas no setor agrícola comportam riscos significativos para a América Latina, conclui o inquérito sobre o papel dos bancos públicos de desenvolvimento na transição ecológica.

    De acordo com um novo inquérito, os bancos públicos de desenvolvimento da América Latina e das Caraíbas encaram a transição climática como uma oportunidade financeira, mas enfrentam obstáculos como a falta de financiamento de longo prazo e a insuficiente sensibilização dos clientes para as opções de investimento. Realizado pelo Banco Europeu de Investimento (BEI) e pela Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (ALIDE), o inquérito concluiu também que a falta de know-how sobre o investimento verde e a adaptação às alterações climáticas por parte dos clientes e dos bancos públicos de desenvolvimento representa um obstáculo à expansão dos projetos verdes nas duas regiões.

    O inquérito, divulgado hoje, abrange 28 bancos públicos de desenvolvimento na América Latina e nas Caraíbas e foi realizado para avaliar de que forma estas instituições estão a apoiar a transição ecológica na região.

    «A América Latina e as Caraíbas estão a sofrer cada vez mais os efeitos das alterações climáticas», afirmou Ambroise Fayolle, vice-presidente do BEI. «O inquérito BEI-ALIDE revela que os bancos públicos de desenvolvimento desempenham um papel importante no aumento do financiamento, na sensibilização e no incentivo ao investimento privado em projetos verdes. Estamos empenhados em colaborar estreitamente com os bancos públicos de desenvolvimento, os países da região e a Comissão Europeia no sentido de apoiar a transição ecológica e reforçar a resiliência climática dos países da América Latina e das Caraíbas.»

    De acordo com o inquérito, 55 % dos bancos públicos de desenvolvimento afirmam que a insuficiência de know-how dos clientes em matéria de investimento verde e a baixa prioridade que dão aos investimentos na adaptação às alterações climáticas são os principais obstáculos à intensificação dos investimentos verdes. Do mesmo modo, 45 % dos bancos públicos de desenvolvimento consideram como um obstáculo o facto de os clientes não conhecerem as oportunidades de financiamento verde existentes.

    Ao mesmo tempo, os bancos públicos de desenvolvimento identificam limitações internas relacionadas com a falta de métricas normalizadas para avaliar os riscos climáticos no setor (45 %) e a sua própria carência de conhecimentos técnicos especializados e de know-how e ferramentas no domínio do investimento verde (36 %) como obstáculos aos investimentos verdes. O acesso limitado a capital de longo prazo que corresponda ao horizonte de longo prazo dos investimentos climáticos é também um desafio significativo para os bancos públicos de desenvolvimento (18 %).

    «Na América Latina e nas Caraíbas, a transição ecológica é, ao mesmo tempo, um desafio premente e uma oportunidade significativa. Os nossos bancos públicos de desenvolvimento estão prontos para apoiar esta mudança, mas necessitam de um maior acesso a financiamento de longo prazo, a conhecimentos técnicos especializados e à cooperação internacional para intensificar os investimentos verdes. Na ALIDE, acreditamos que o reforço dessas capacidades é fundamental para promover o desenvolvimento sustentável e desenvolver a resiliência climática em toda a região», sublinhou o secretário-geral da ALIDE, Edgardo Alvarez.

    O inquérito concluiu que 93 % dos bancos públicos de desenvolvimento consideram a transição climática como uma oportunidade e não como um risco e que 77 % integram, nas suas práticas, normas climáticas internacionais, nomeadamente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas ou o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas. No entanto, os resultados do inquérito indicam que 74 % dos bancos públicos de desenvolvimento planeiam reduzir os empréstimos a setores da economia expostos a riscos climáticos.

    O inquérito conjunto BEI-ALIDE foi realizado entre janeiro e fevereiro de 2024 e contou com a participação de 28 bancos públicos de desenvolvimento de 15 países da América Latina e das Caraíbas. As instituições participantes representam cerca de 50 % do total dos ativos dos bancos públicos de desenvolvimento da região. A amostra inclui bancos de desenvolvimento de nível nacional e regional.

    Riscos climáticos

    A fim de avaliar os riscos climáticos a nível nacional, o BEI desenvolveu uma metodologia para mapear os riscos físicos e os riscos de transição, os quais estão refletidos na sua classificação dos riscos climáticos por país. Os países das Caraíbas estão entre os que mais sofrem no mundo os impactos das alterações climáticas e são os mais afetados em termos de danos decorrentes de ameaças graves, como tempestades e furacões.

    Os países sul-americanos estão mais expostos aos impactos das alterações climáticas na agricultura. Em países como a Guiana, a Bolívia, o Paraguai e o Equador, a percentagem da economia dedicada à agricultura é elevada (próximo ou acima de 10 % do produto interno bruto). Esta percentagem também não é negligenciável em países de maior dimensão (entre 5 % e 10 % do PIB no Brasil, na Argentina e na Colômbia). Os países da América Central também enfrentam ameaças à sua agricultura. É o caso, nomeadamente, da Nicarágua, das Honduras e da Guatemala, onde a agricultura representa cerca de 10 % ou mais do PIB respetivo.

    De acordo com o inquérito, os bancos públicos de desenvolvimento estão expostos aos riscos climáticos, afirmando 40 % deles que, especificamente em 2023, os fenómenos meteorológicos extremos causaram danos aos seus ativos físicos, nomeadamente agências bancárias e sedes. Da mesma forma, 59 % dos bancos públicos de desenvolvimento relataram que esses mesmos eventos contribuíram também para uma deterioração da qualidade dos ativos das respetivas carteiras. Dos bancos públicos de desenvolvimento afetados, 46 % indicam as micro, pequenas e médias empresas como os mutuários mais afetados, seguidas dos empréstimos intermediados (31 %), do crédito às infraestruturas (15 %) e do crédito às empresas (8 %).

    O BEI na COP16

    A delegação do BEI será liderada pelo vice-presidente Ambroise Fayolle. Os pedidos de entrevista a membros da delegação do BEI devem ser dirigidos aos contactos com a imprensa abaixo indicados. Saiba mais sobre a presença do BEI na Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica aqui.

    Informações gerais

    O Banco Europeu de Investimento (BEI) é a instituição de financiamento a longo prazo da União Europeia, cujo capital é detido pelos Estados‑Membros. Está presente em mais de 160 países e concede financiamentos a longo prazo para investimentos viáveis que contribuam para a concretização dos objetivos estratégicos da UE.

    A EIB Global é a direção especializada do Grupo BEI, que tem por missão reforçar o impacto das parcerias internacionais e do financiamento do desenvolvimento. A EIB Global visa fomentar a criação de parcerias sólidas, centradas em objetivos específicos, no âmbito da Equipa Europa, juntamente com instituições de financiamento do desenvolvimento parceiras e a sociedade civil. A EIB Global aproxima o Grupo BEI das pessoas, empresas e instituições locais através dos seus gabinetes espalhados pelo mundo.

    O BEI presta apoio económico a projetos na América Latina desde 1993 e nas Caraíbas desde 1978, facilitando o investimento a longo prazo em condições favoráveis e prestando a assistência técnica necessária para garantir que estes projetos produzem resultados positivos em termos sociais, económicos e ambientais. A presença local do BEI na América Latina e nas Caraíbas é assegurada por 4 gabinetes localizados em Bogotá, Brasília, Barbados e São Domingos. Desde o início das suas operações na América Latina, o BEI disponibilizou, no total, cerca de 14 mil milhões de EUR em financiamento para apoiar mais de 160 projetos em 15 países da região, e mais de 2 mil milhões de EUR em 24 países das Caraíbas.

    A ALIDE é a comunidade de instituições financeiras que criam soluções bancárias para o desenvolvimento da América Latina e das Caraíbas. Com mais de 80 membros, a ALIDE procura impulsionar a transformação rumo a uma banca verde e promover boas práticas financeiras entre os seus membros. A Associação é também membro fundador da Federação Mundial das Instituições Financeiras de Desenvolvimento (FEMIDE).

    Kontakt

    Bruno Hoyer

    Referenz

    2024-398-PT