- O investimento em Portugal continua a crescer, tendo aumentado 14 % em relação aos níveis anteriores à pandemia.
- A conformidade com novos regulamentos e os desafios logísticos são os principais entraves à atividade empresarial.
- Os condicionalismos financeiros estão a aumentar e cada vez mais empresas portuguesas enfrentam restrições em termos de financiamento acima da média da UE.
- A regulamentação e a burocracia dificultam o investimento, colocando maiores obstáculos em Portugal do que no resto da Europa.
Em Portugal, o investimento aumentou quase 14 % em relação aos níveis anteriores à pandemia em termos reais e continua a crescer, não obstante alguma volatilidade no primeiro semestre de 2024. A percentagem de empresas que tencionam aumentar o seu investimento permanece estável (20 %) e acima da média da UE.
O Inquérito ao Investimento do Grupo BEI (EIBIS) é um relatório anual baseado numa sondagem realizada junto de cerca de 13 000 empresas de todos os Estados-Membros da UE, com uma amostra adicional oriunda dos Estados Unidos. Os seus principais resultados, publicados em outubro, indicam, entre outras conclusões, que muitas empresas na UE permanecem otimistas em relação ao investimento ao longo dos últimos três anos.
Os relatórios pormenorizados por país estão disponíveis hoje e as principais conclusões relativamente a Portugal incluem:
- Os desafios regulamentares e logísticos afetam significativamente as empresas portuguesas: a conformidade com novos regulamentos, normas e certificações, bem como os desafios logísticos, constituem os principais obstáculos à atividade empresarial. Em comparação com outras empresas da UE, as empresas portuguesas mostram-se mais preocupadas com o acesso a matérias-primas e componentes.
- Os condicionalismos financeiros estão a aumentar e ultrapassam a média da UE: a percentagem de empresas portuguesas com problemas no acesso a financiamento aumentou significativamente e está agora acima da média da UE devido à rejeição de empréstimos, às dificuldades na obtenção de financiamento suficiente e aos elevados custos do crédito.
- Principais entraves ao investimento: segundo as empresas portuguesas, os principais obstáculos à expansão são a incerteza quanto ao futuro, a falta de mão de obra qualificada, a regulamentação e os custos da energia. A burocracia e a regulamentação da atividade económica continuam a ser desafios que afetam mais Portugal do que o resto da UE.
«O forte desempenho de Portugal em termos de investimento, não obstante as pressões financeiras e regulamentares, demonstra a resiliência das suas empresas», afirmou Debora Revoltella, economista-chefe do BEI. «Embora os custos da conformidade, a burocracia e as dificuldades financeiras permaneçam desafios importantes, as empresas portuguesas continuam a adaptar-se e a inovar. Enquanto banco da UE, o BEI continuará a apoiar investimentos que melhoram a resiliência, a sustentabilidade e o crescimento de longo prazo».
O relatório completo sobre Portugal está disponível aqui.
Os resultados do inquérito são tidos em conta no Relatório sobre o Investimento, a publicação anual de referência do Departamento de Economia do Grupo BEI que analisa as perspetivas de investimento da economia europeia. O próximo Relatório sobre o Investimento será publicado em 5 de março de 2025, durante o Fórum anual do Grupo BEI no Luxemburgo.
O Fórum anual reúne partes interessadas fundamentais do governo e dos setores empresarial e financeiro, com o objetivo de trocar pontos de vista sobre prioridades de investimento que apoiam as políticas da Europa, nomeadamente a descarbonização industrial, a inteligência artificial, a União dos Mercados de Capitais, a segurança, a habitação e o alargamento da UE. O tema deste ano é Investir numa Europa mais sustentável e mais segura.
Informações gerais
O Banco Europeu de Investimento (BEI) é a instituição de financiamento a longo prazo da União Europeia cujo capital é detido pelos Estados-Membros. Tendo por base oito prioridades fundamentais, o BEI financia investimentos que contribuem para os objetivos políticos da UE, apoiando a ação climática e a sustentabilidade ambiental, a digitalização e a inovação tecnológica, a segurança e a defesa, a coesão, a agricultura e a bioeconomia, as infraestruturas sociais, a União dos Mercados de Capitais e uma Europa mais forte num mundo mais pacífico e mais próspero.
O Grupo BEI, do qual também faz parte o Fundo Europeu de Investimento (FEI), contratualizou quase 89 mil milhões de EUR em novos financiamentos destinados a mais de 900 projetos de grande impacto em 2024, reforçando a competitividade e a segurança da Europa.
Em 2024, o volume de financiamento do Grupo BEI em Portugal atingiu 2,1 mil milhões de EUR, tendo sido sobretudo canalizado para a transição energética e para o apoio às PME e às empresas de média capitalização, que constituem a espinha dorsal da economia portuguesa.