- 75 % dos angolanos inquiridos afirmam que as alterações climáticas já afetam a sua vida quotidiana.
- 57 % consideram que as alterações climáticas e os danos ambientais afetaram o seu rendimento ou sua fonte de subsistência.
- 84 % dos angolanos inquiridos defendem que o investimento em energias renováveis deveria ser uma prioridade.
Estas são algumas das principais conclusões da primeira edição africana[i] do Inquérito sobre o Clima 2022 do Banco Europeu de Investimento (BEI). O BEI é o braço financeiro da União Europeia e o maior financiador multilateral de projetos de ação climática em todo o mundo. Desde 2018, o BEI tem realizado inquéritos de grande escala semelhantes sobre o clima na Europa, na China e nos Estados Unidos.
Jeannette Seppen, embaixadora da União Europeia em Angola, afirmou que:
«Estes resultados mostram que os angolanos têm consciência do impacto negativo que as alterações climáticas estão a ter nas suas vidas e da necessidade de apoio por parte das autoridades e organizações internacionais para acelerar a transição para as energias renováveis e para reduzir a dependência das importações de alimentos, que comporta riscos e é contraproducente.»
Segundo Thomas Östros, vice-presidente do BEI:
«Angola dispõe de um grande potencial para aumentar os investimentos em energias renováveis. Para satisfazer a procura nas zonas rurais, o país procura desenvolver projetos fora da rede em pequena escala, com recurso a combustíveis fósseis e a tecnologias de energias renováveis, nomeadamente energia solar e eólica, bem como pequenas centrais hidroelétricas. Embora a energia hidroelétrica represente quase dois terços da capacidade instalada de produção de eletricidade em Angola, as novas fontes de energia renováveis têm o potencial de expandir ainda mais a capacidade de produção do país – e de diminuir a sua dependência dos combustíveis fósseis. Para além das energias renováveis, o BEI ajudou Angola a desbloquear o desenvolvimento de serviços avançados de telecomunicações e a melhorar o acesso à água potável, estando também empenhado em aumentar a resiliência do setor da saúde.»
Alterações climáticas e degradação ambiental
Os resultados do inquérito confirmam que as alterações climáticas têm tido um impacto negativo nos meios de subsistência dos angolanos, afirmando 57 % dos inquiridos que os seus rendimentos foram afetados por este fenómeno. As perdas em causa devem-se normalmente a secas severas, à subida do nível das águas ou à erosão costeira ou a fenómenos meteorológicos extremos, como inundações ou furacões.
Mais de metade dos angolanos (59 %, ligeiramente acima da média africana de 57 %) afirmam que eles próprios ou pessoas suas conhecidas já tomaram algum tipo de medida de adaptação ao impacto das alterações climáticas. Algumas destas iniciativas incluem investimentos em tecnologias de poupança de água para reduzir o impacto das secas e na limpeza das valas de drenagem antes das inundações.
Se bem que a economia formal angolana seja dominada pelas indústrias petrolífera e diamantífera, estima-se que o setor agrícola empregue 85 % da população ativa. Não obstante, Angola é um importador líquido de alimentos e, como tal, é vulnerável à insegurança laboral e alimentar decorrente das alterações climáticas.
Investimento em fontes de energia
Quando questionados sobre qual a fonte de energia em que o seu país deveria investir para combater as alterações climáticas, 84 % dos angolanos inquiridos (face à média africana de 76 %) afirmam que deve ser dada prioridade às energias renováveis, a grande distância dos combustíveis fósseis (8 %).
A guerra civil que, durante décadas, assolou Angola resultou na destruição de grande parte da infraestrutura do país e impediu investimentos significativos em infraestruturas e empresas de serviços públicos fora das grandes cidades. Cerca de 60 % da população angolana vive em áreas urbanas, fora das quais o acesso a serviços públicos é muito limitado. O BEI está empenhado em apoiar não só os esforços do país para satisfazer as suas necessidades energéticas, através da promoção do acesso universal à energia e do crescente recurso a fontes de energia de baixo carbono, como também a almejada interligação de Angola ao Grupo de Energia da África Austral.
O BEI desenvolve atividades em África desde 1965. Até hoje, o BEI investiu 59 mil milhões de EUR em 52 países africanos, apoiando projetos de infraestruturas, empresas inovadoras e programas de energias renováveis, tanto no setor público como no setor privado, desde microempresas a grandes multinacionais.
A África precisa de investir várias centenas de milhares de milhões de euros por ano para enfrentar o desafio das alterações climáticas.
Notas ao editor:
O Inquérito do BEI sobre o Clima
Realizada em parceria com a empresa de estudos de mercado BVA, a primeira edição africana do Inquérito do BEI sobre o Clima pretende alimentar o debate mais amplo sobre as atitudes e expectativas em termos de ação climática.
Mais de 6 000 inquiridos – incluindo 503 angolanos – com idade igual ou superior a 15 anos, oriundos de 10 países africanos, participaram no inquérito realizado entre 1 e 25 de agosto de 2022, junto de um painel representativo de cada um dos países abrangidos.
Poderá consultar mais resultados da primeira edição africana do Inquérito do BEI sobre o Clima
Sobre o Banco Europeu de Investimento
O Banco Europeu de Investimento (BEI) é a instituição de financiamento a longo prazo da União Europeia que tem por acionistas os Estados-Membros da UE. O Grupo BEI adotou o Roteiro do Banco do Clima, no intuito de cumprir a sua agenda ambiciosa de apoiar o investimento de um bilião de euros em ação climática e sustentabilidade ambiental até 2030 e de dedicar mais de 50 % do seu financiamento a projetos de ação climática e sustentabilidade ambiental até 2025. De acordo com o Roteiro, desde o início de 2021, todas as novas operações do Grupo BEI passaram a ser alinhadas com os princípios e objetivos do Acordo de Paris.
A EIB Global é a nova direção especializada do Grupo BEI, que tem por missão reforçar o impacto das parcerias internacionais e do financiamento do desenvolvimento. A EIB Global visa fomentar a criação de parcerias sólidas, centradas em objetivos específicos, no âmbito da Equipa Europa, juntamente com instituições de financiamento do desenvolvimento congéneres e a sociedade civil. A EIB Global aproxima o Grupo BEI das pessoas, empresas e instituições locais através dos seus gabinetes espalhados pelo mundo.
[i] Abrangendo a África do Sul, Angola, os Camarões, a Costa do Marfim, o Egito, a Jordânia, Marrocos, o Quénia, o Senegal e a Tunísia.