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©Allain Bachellier/ Getty images

De acordo com o inquérito anual sobre o clima encomendado pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), mais de três quartos dos portugueses reconhecem a necessidade de mudar e adaptar o seu estilo de vida aos efeitos das alterações climáticas. Embora os inquiridos tenham classificado as alterações climáticas como a quinta prioridade que o seu país tem pela frente, uma grande maioria acredita que investir na adaptação agora evitará custos mais elevados no futuro.


Principais conclusões

  • 99 % dos portugueses afirmam que é importante que o seu país se adapte às alterações climáticas. Destes, 66 % dizem que é necessário dar prioridade a esta questão.
  • 95 % concordam que é necessário investir de imediato nessa adaptação para evitar custos ainda mais elevados no futuro.

À medida que a frequência e a gravidade das catástrofes naturais se intensificam, o custo económico das alterações climáticas aumenta. Os cientistas alertam para o facto de estas catástrofes se tornarem cada vez mais onerosas. De acordo com um relatório da Agência Europeia do Ambiente[1], a Europa é, atualmente, o continente que regista o aquecimento mais rápido e prevê-se que os fenómenos meteorológicos extremos se intensifiquem à medida que as temperaturas mundiais aumentam. Esta escalada coloca desafios significativos em matéria de infraestruturas e ameaça a estabilidade do abastecimento mundial de água e alimentos, o que evidencia a necessidade urgente de estratégias globais de adaptação às alterações climáticas.

«As pessoas sabem que temos de agir agora para nos adaptarmos e atenuarmos os efeitos das alterações climáticas, mas uma transição bem planeada é também a que faz mais sentido do ponto de vista económico. Cada euro investido na prevenção e na resiliência permite poupar entre 5 EUR e 7 EUR na reparação dos danos», afirmou a Presidente do BEI, Nadia Calviño.

O BEI publicou hoje a sétima edição do seu inquérito anual sobre o clima, que recolheu as opiniões de mais de 24 000 inquiridos na UE e nos EUA sobre as alterações climáticas. O inquérito foi realizado em agosto de 2024 e, em Portugal, contou com a participação de 1 009 pessoas.

Uma prioridade nacional

Os inquiridos portugueses colocam as alterações climáticas entre os cinco maiores desafios que o país enfrenta, a par da instabilidade política e a seguir ao aumento do custo de vida, ao acesso aos cuidados de saúde, à migração em grande escala e ao desemprego.

Embora não as considerem o maior desafio quando lhes é dada a possibilidade de as classificarem, uma grande maioria dos portugueses reconhece a necessidade de adaptação às alterações climáticas e considera-a mesmo uma prioridade:

  • 99 % dos inquiridos reconhecem a necessidade de adaptação às alterações climáticas (em comparação com a média da UE de 94 %). Mais especificamente, dois terços (66 %, 16 pontos acima da média da UE de 50 %) consideram que essa adaptação é uma prioridade em Portugal nos próximos anos e 33 % consideram-na importante.

A adaptação às alterações climáticas é também encarada como uma oportunidade económica e um investimento a longo prazo para o país:

  • 95 % dos inquiridos afirmam que o investimento na adaptação às alterações climáticas pode ajudar a criar emprego e a estimular a economia local (em comparação com 86 % na UE).
  • 95 % consideram que essa adaptação exige investimentos no presente para evitar custos mais elevados no futuro (em comparação com 85 % na UE).

Impacto das alterações climáticas e mudança dos estilos de vida

Embora os inquiridos portugueses reconheçam as oportunidades económicas das medidas de adaptação aos impactos das alterações climáticas, a sua experiência pessoal relativamente a fenómenos meteorológicos extremos aumenta o sentimento de que é urgente agir:

  • 86 % dos portugueses (6 pontos acima da média da UE) foram afetados por, pelo menos, um fenómeno meteorológico extremo nos últimos cinco anos. Mais especificamente, 63 % (8 pontos acima da média da UE) foram atingidos por calor extremo e ondas de calor, 48 % (27 pontos acima da média da UE) enfrentaram incêndios florestais e 43 % (8 pontos acima da média da UE) foram afetados por secas.

As consequências dos fenómenos meteorológicos extremos são simultaneamente tangíveis e variadas.

  • 71 % dos inquiridos portugueses mencionaram ter sofrido, pelo menos, uma consequência direta de fenómenos meteorológicos extremos, 28 % tiveram florestas ou espaços naturais destruídos perto das suas habitações (9 pontos acima da média da UE), 24 % sofreram problemas de saúde (como insolação ou problemas respiratórios) e 19 % enfrentaram perturbações dos transportes.

 Neste contexto, os portugueses estão cientes da necessidade de se adaptarem:

  • 77 % dos inquiridos (em comparação com 72 % na UE) reconhecem que terão de mudar e adaptar o seu estilo de vida devido às alterações climáticas.
  • 37 % pensam que terão de mudar-se para um local menos vulnerável ao clima, mesmo que seja mesma região (para evitar inundações, incêndios florestais ou outros fenómenos meteorológicos extremos).
  • 30 % afirmam que terão de mudar-se para uma região ou para um país mais fresco.

A adaptação individual às alterações climáticas exige um bom nível de informação. A maioria dos portugueses (77 %, 6 pontos acima da média da UE de 71 %) afirma estar informada sobre as medidas que pode adotar para adaptar eficazmente os seus lares e estilos de vida. No entanto, a maior parte destes (53 %, em comparação com a média da UE de 60 %) continua a desconhecer a existência de subvenções públicas ou incentivos financeiros para apoiar esses esforços.

Prioridades em matéria de medidas de adaptação

Os inquiridos portugueses identificaram as seguintes prioridades essenciais para a adaptação às alterações climáticas a nível local:

  • Educar os cidadãos no sentido de adotarem comportamentos para prevenir e enfrentar fenómenos meteorológicos extremos (52 %, 14 pontos acima da média da UE de 38 %).
  • Arrefecimento das cidades (38 %).
  • Melhoria das infraestruturas (37 %).

Quanto à questão de quem deve pagar a adaptação às alterações climáticas:

  • Metade dos inquiridos (49 %, 14 pontos acima da média da UE) considera que os custos devem ser suportados pelas empresas e indústrias que mais contribuem para as alterações climáticas.
  • Quase um terço (30 %) considera que todos devem pagar o mesmo.
  • 8 % afirmam que as pessoas mais ricas devem suportar os custos através de impostos mais elevados.

Quanto à questão de quem deve beneficiar primeiro da ajuda à adaptação:

  • 38 % consideram que todos devem beneficiar de igual modo.
  • 32 % pensam que deve ser dada prioridade aos idosos.
  • 25% afirmam que os primeiros beneficiários devem ser as pessoas que vivem em zonas de alto risco.

A preocupação sobre quem deve beneficiar da ajuda à adaptação vai para além das prioridades locais. A maioria dos portugueses (67 %, 10 pontos acima da média da UE) reconhece a necessidade de apoiar os esforços de adaptação a nível mundial e considera que o seu país deve fazer mais para ajudar os países em desenvolvimento mais vulneráveis a adaptarem-se aos impactos crescentes das alterações climáticas.

 

Grupo BEI

O Banco Europeu de Investimento (BEI) é a instituição de financiamento a longo prazo da União Europeia cujo capital é detido pelos Estados-Membros. Financia investimentos sólidos que contribuem para os objetivos estratégicos da UE. Os projetos do BEI reforçam a competitividade, impulsionam a inovação, promovem o desenvolvimento sustentável, reforçam a coesão social e territorial e apoiam uma transição justa e rápida para a neutralidade climática.

O Grupo BEI, do qual também faz parte o Fundo Europeu de Investimento (FEI), assinou um total de 88 mil milhões de EUR em novos financiamentos em 2023, 90 % dos quais na União Europeia. Espera-se que estas operações mobilizem cerca de 320 mil milhões de EUR em investimentos, apoiando 400 000 empresas e 5,4 milhões de postos de trabalho.

Todos os projetos financiados pelo Grupo BEI estão em consonância com o Acordo de Paris sobre o Clima. O Grupo BEI não financia investimentos em combustíveis fósseis. Estamos no bom caminho para honrar o nosso compromisso de apoiar um bilião de EUR em investimentos no domínio do clima e da sustentabilidade ambiental ao longo desta década, até 2030, tal como prometido no nosso Roteiro do Banco do Clima. Mais de metade do financiamento anual do Grupo BEI apoia projetos que contribuem diretamente para a atenuação das alterações climáticas, a adaptação aos seus efeitos e um ambiente mais saudável.

Cerca de metade do financiamento concedido pelo BEI na União Europeia destina-se a regiões de coesão, que apresentam um rendimento per capita mais baixo, o que sublinha o empenho do Banco em promover um crescimento inclusivo e a convergência dos níveis de vida.

O BEI e a adaptação às alterações climáticas em Portugal

Em 2023, em Portugal, o investimento dedicado à ação climática e à sustentabilidade ambiental atingiu 746 milhões de EUR. Entre outros projetos de referência, o Grupo BEI assinou várias operações de titularização com bancos comerciais, destinadas a apoiar o financiamento da eficiência energética na reabilitação de edifícios e a construção de edifícios menos poluentes. O objetivo é facilitar a concessão de novas hipotecas ecológicas e sustentáveis a particulares e cooperativas de habitação que invistam na reabilitação de edifícios ou em novas construções com elevados padrões de eficiência energética, em conformidade com as condições de elegibilidade definidas pelo BEI.

Inquérito do BEI sobre o Clima

O Banco Europeu de Investimento (BEI) lançou hoje a sexta edição do seu Inquérito sobre o Clima. Desde 2018, e com o contributo de mais de 24 000 inquiridos, o inquérito fornece informações sobre a opinião dos cidadãos da União Europeia e dos Estados Unidos no que respeita às alterações climáticas. O inquérito deste ano foi realizado em linha (por computador, tablet ou telemóvel) pelo BVA XSight, de 6 a 23 de agosto de 2024, nos 27 países da União Europeia e nos Estados Unidos. Estão disponíveis mais informações sobre a metodologia aqui.


[1] A Europa não está preparada para o rápido crescimento dos riscos climáticos | página inicial da Agência Europeia do Ambiente (europa.eu)

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Référence

2024-424-PT

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